Já é de conhecimento que as plantas de cobertura trazem muitos benefícios ao solo, em especial no que diz respeito ao sistema de plantio direto. Mas é fundamental saber como elas são inseridas no sistema agrícola.
O uso das plantas de cobertura é uma prática milenar. Os ganhos que elas trazem são visíveis e duradouros. Porém, assim como em qualquer cultura, é necessário seguir estratégias de plantio. Dessa forma, apresentamos aqui algumas dicas sobre como usar as plantas de cobertura de solo, para obter melhor desempenho na lavoura. Confira:
Escolha do modelo de cobertura
Escolher a forma de como a cobertura será inserida no sistema faz a diferença. Isso por que, determina a rotina e o maquinário que será usado. De certa forma, não existe o certo ou o errado. Existe sim aquele que se adapta melhor às necessidades do produtor rural. Abaixo descrevemos quais são os principais modelos de cobertura:
- Rotação
Rotação é implantar em safras pré-definidas a cobertura no lugar da cultura principal. Desse modo, este modelo traz diversos benefícios. Dentre eles citamos a maior produção de massa verde. Além disso, temos maior controle de pragas e doenças pelo aumento de diversidade. Neste sentido, se quiser saber mais sobre os benefícios da diversidade nos sistemas agrícolas, click aqui.
- Sucessão
Sucessão é plantar a cobertura em épocas onde não teremos culturas sobre o solo. Isso é repetido todo o ano e daí vem o nome sucessão. Por sua vez, podemos introduzir uma única cultura ou um mix de culturas. Por exemplo, o plantio de aveia preta pós soja ou pós milho safrinha no sul do país é uma secessão. Como principal benefício vemos a manutenção de renda no período principal do ano. Como ponto negativo, a sucessão traz menos diversidade que o sistema de rotação.
- Consorciação
Este é um modelo que tem ganho adeptos no plantio de culturas anuais. Trata-se de plantar a cultura principal junto com a de cobertura. É um sistema, como veremos mais afrente, que requer muitos cuidados. Como exemplo, temos o plantio de espécies nas entrelinhas de culturas perenes. Além disso, a Integração Lavoura Pecuária Floresta é um exemplo deste sistema. E por fim, temos o sistema Santa Fé, que planta brachiarias com o milho.
Abaixo temos um esquema dos modelos de cobertura:
Cuidados na implantação
Uma vez escolhido o modelo, temos que utilizar técnicas corretas. Confira sobre as técnicas mais utilizadas e trazem melhores resultados.
- Cuidados com sementes
A cobertura do solo começa pela escolha das sementes. Sementes de qualidade são vitais para a correta densidade de semeadura. Por sua vez, a densidade de semeadura correta impede que plantas daninhas germinem. Além disso, sementes sem garantias podem ser vetoras de pragas e doenças.
- Efeito tóxico dos herbicidas
O manejo de herbicidas é muito importante ao instalar a plantas de cobertura. Podemos ter problemas com o efeito residual. Da mesma forma, o efeito pode ser negativo com a dessecação em uma consorciação. Aqui vale um princípio, nunca pensar apenas em uma única cultura na aplicação dos herbicidas.
- Densidade de semeadura
Cada cultura tem a densidade de semeadura ideal. Isto é, a quantidade de sementes por m2 ideal. Quando isso não é respeitado, deixamos o solo descoberto em certos pontos. Com isso, favoreceremos a instalação de plantas daninhas. Da mesma forma, em solo descoberto pode ocorrer erosão.
- Hábito de crescimento
Cada espécie de cobertura tem seu habito de crescimento que deve ser considerado. Há plantas de cobertura com o crescimento intenso e que competem com a cultura principal por luz. Dessa forma, devemos desta forma considerar este fator na escolha da cobertura.
- Fertilidade do solo
O objetivo principal da cobertura é produção de biomassa. Dessa forma, em solos pobres, elas não expressarão seu potencial em produção de massa. Por sua vez, impede que o sistema seja sustentável no longo prazo.
- Épocas de plantio
Cada cobertura tem sua época ideal de plantio. Isso tem base resistência a fatores abióticos como temperatura e água. Da mesma forma, levamos em consideração a época de plantio da cultura principal.
- Tipos de Semeadura
São três os tipos: superfície, sulco de plantio e a consorciação. Em superfície, espalhamos as sementes sobre o solo e as aprofundamos com um implemento. Vale frisar que, a semente não deve passar de 5cm no solo. Já no sulco de plantio, utiliza-se semeadoras que plantam a cobertura em linhas e em espaçamentos definidos. Na consorciação, o plantio ocorre na caixa da plantadora de forma intercalada.
De forma semelhante, frisamos que, como na cultura principal, a semeadura deve ser feita com qualidade.
Sobre o manejo da palhada das plantas de cobertura
- Manejo da Biomassa
Assim como na semeadura, devemos definir o que fazer sobre o manejo da biomassa. Dessa forma, decidimos qual equipamento vamos usar e a época do manejo da biomassa.
- Época de Manejo
A época onde temos o maior acumulo de biomassa é no pré-florescimento. Em outras palavras, é quando há o maior acumulo de nutrientes. Da mesma forma é a época ideal para o corte. Entretanto, o manejo deve considerar o plantio da próxima cultura e volume máximo de massa seca.
- Forma de Manejo da Biomassa
Como forma de manejo temos a incorporação, onde misturamos a massa vegetal ao solo. Isso por sua vez, é feito com um a ajuda de enxadas rotativas ou grades aradoras. A segunda forma é a utilização de herbicidas e então amassamento da biomassa. A terceira é efetuar o corte com roçadeiras ou rolos facas.
Por fim, podemos soltar o animal para pastejo da cobertura. Todavia frisamos que, a entrada e saída do animal deve respeitar a altura ideal.
Conclusão
O manejo das plantas de cobertura tem detalhes que devemos levar em consideração. Além disso, o produtor que faz a cobertura está trazendo muitos benefícios ao seu solo.
REFERÊNCIAS
http://www.livrosabertos.sibi.usp.br/portaldelivrosUSP/catalog/book/109 (Microbiologia do Solo – 2a Edição. Livros Abertos da USP. Acessado 01/06/2021.
Livro: Fertilidade do Solo / editores Roberto Ferreira Novais… [et al.]. – Viçosa, MG; Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, 2007. Pg 275 a 374.
Adubação verde e plantas de cobertura no Brasil: fundamentos e prática / Oscar Fontão de Lima e Filho, Edmilson José Ambrosano, Fabrício Rossi, José Aparecido Donizetti Carlos, editores Técnicos. – Brasília, DF: Embrapa, 2014. v. 1 (507p.): il. Manual Técnico de Plantas de Cobertura – Edição 02. 32 páginas – 5.000 exemplares – Setembro 2016.
https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/184756/1/CT-181.pdf (Plantas de cobertura do solo recomendadas para a entressafra de milho em Sistema Plantio Direto no cerrado). Acessado 14/06/2021.
ALCÂNTARA, P. B.; ROCHA, G. L. da; SILVA, O. H. da; MORI, J.; RIBEIRO, J. E. G.; BURNQUIST, W. L.; MALAVASI, E. M. & CARMO, A. A. do. Influência da profundidade da semeadura na germinação de gramíneas e leguminosas forrageiras. B. Industr. Anim., 34(I):121-6, 1977